A Piada chamada Andrea Moda
Como definir uma equipe como Andrea Moda?
pensa numa equipe desestruturada, despreparada, sem a menor condição de estar dentro da F1.
Em 1991, a pequenina Coloni, estava fechando as suas portas. Ela iniciou, sua última temporada, com apenas 6 funcionários e teve o carro montado por alunos da universidade de Perúggia.
Seus Pilotos, o Português Pedro Matos Chaves e o Japonês Naoki Hattori, não conseguiram nem passar pera os treinos classificatórios (naquela época, havia a "pré classificação", de onde saíam os 4 melhores pilotos e estes se juntavam aos outros 26 carros do grid, e destes 30 carros, os 26 melhores conseguiam largar.
Antes do fim da temporada, a equipe de Enzo Coloni foi vendida ao empresário Italiano Andrea Sassetti, e este renomeou a equipe com o nome de uma das suas empresas. Nascia Aí a Andrea Moda Fórmula.
Sua primeira aparição em público foi no Bologna Motor Show, um programa onde as equipes italianas da F1, Minardi, Dallara e Fondmetal, além da própria equipe, disputavam entre si, numa pista travada.
Logo na sua estréia, a desorganização já se fazia perceber: Ao comprar a equipe, Andrea sasseti adquiriu todos os ativos da equipe Coloni, menos a sua inscrição. Então, por se tratar de uma equipe totalmente nova, a FOCA (Fórmula One Constructors Associacion (Associação dos construtores da Fórmula 1)) presidida por Bernie Ecclestone, exigiu que o empresário pagasse US$ 100 mil para ter sua inscrição aceita e, assim, estaria apta a participar da primeira prova, o GP da Africa do Sul, em Kyalami.
Sassetti bateu o pé, disse que a March não pagou essa mesma taxa, já que, anteriormente, a mesma se chamava Leyton House e, por isso, ele também faria o mesmo. A Equipe chegou a ter o carro de Alex Caffi - o outro piloto foi Enrico Bertaggia- na pista. Porém não é possivel contrariar o baixinho inglês e ele acabou excluindo os carros negros da Andrea Moda da prova. Só Assim Andrea Sasseti pagou a taxa que lhe foi exigida.
Antes do GP do México, a equipe contratou o escritório Simulation Techonology (SIMTEK) para montar seus carros. Esse mesmo escritório havia feito um protótipo de carro de F1 para a BMW, em 1990, quando a mesma havia manifestado interesse em ingressar na categoria. Porém o projeto foi abortado e foi guardado até que aparecesse alguém que estaria disposto a utilizá-lo.
As peças chegaram a ir até o circuito hermanos Rodriguez, mas, para "surpresa " de ninguém, os carros ficaram prontos DEPOIS DA PROVA.
Isso foi demais para os dois pilotos e, tanto Caffi quanto Bertaggia, ao verem a zona em que estavam se metendo, pularam fora.
Quando a temporada desembarcou, no Brasil, para a terceira etapa, a equipe correu para contratar o operário da velocidade, Roberto Pupo Moreno e o Inglês Perry McCarthy. McCarthy, ao contrario de Moreno, nem mesmo teria suas despezas de viagens pagas pela equipe. A Solução encontrada pelo inglês foi trabalhar como guia turístico em troca de hospedagens., algo impensável nos dias de hoje. Havia um outro detalhe: a FISA (Federacion Internacional Du Sports Automobile (Federação internacional de esportes automotores)) não lhe concedeu a superlicença, que é uma espécie de CNH dos pilotos. Então, apenas Roberto Moreno entrou na pista na pré-classificação de sexta-feira de manhã e virou um tempo mais baixo que o de um carro da F3 sulamericana, que correra, em interlagos, alguns dias antes.
Em ìmola, quarta etapa da temporada, as coisas não mudaram e tanto Moreno, quanto McCarthy ficaram nas últimas colocações da pré-classificação. Mas o Grande milagre estava por vir.
Chega o GP de Mônaco, quinta etapa da temporada de 1992. A essa altura o Paddock da F1 "tirava sarro" dessa equipe, afinal de contas, desorganização tem limite, assim como tudo na vida né. Mas o que eles não imaginavam é que Roberto Pupo Moreno iria protagonizar um grande milagre, como ele mesmo definiu, na transmissão da Globo.
Assim que a pré-classificação se iniciou, ele desalojou a March de Paul Belmondo e a Venturi-Larrousse de Ukyo Katayama e conseguiu avançar para o treino classificatório da tarde, para aí, conseguir desalojar mais 4 carros e obter o 26º melhor tempo. Sim, a Andrea Moda CONSEGUIU LARGAR EM UMA CORRIDA!!!!!. Essa façanha foi tamanha e tão espantosa que todo o Paddock aplaudiu de pé o baixo.
A participação da equipe durou apenas 12 voltas, o suficiente para o Brasileiro saltar do 26º lugar, para o 19º. Com essa "vitória", alguns patrocinadores apareceram, mas, com o tempo, tudo voltou ao "normal".
Enquanto Moreno era prestigiado, McCarthy era tratado com desprezo por Sassetti. Antes do GP de Mônaco, Enrico Bertaggia conseguiu juntar US$ 1 milhão para poder guiar para a equipe, o que foi prontamente aceito pelo empresário. Só que naquela época havia um limite de 2 trocas de pilotos por equipes, e eles já haviam feito essa troca quando Alex Caffi e o próprio Bertaggia foram trocados pelo Brasileiro e pelo Inglês. Sassetti, então, decidiu infernizar a vida do piloto britânico.
Em meio a tudo isso, a JUDD, que fornecia os motores para a equipe, se recusou a fornecer os mesmos devido a um débito que a equipe italiana possuía com eles. Então, no GP do Canadá, eles tiveram que emprestar um motor do mesmo fornecedor, que equipava os carros da Brabham, que foi inserido apenas no carro de Moreno.
Na França, houve uma greve de caminhoneiros, no trajeto para a pista de Magny-Cours. Enquanto as outras equipes conseguiram driblar esse inconveniente, a Andrea Moda teve seu caminhão parado na estrada e não foi a pista.
Como consequência disso, os patrocinadores se retiraram e, o que já estava ruim, piorou ainda mais.
Na Inglaterra, como prova do mais absoluto desprezo de Andrea sasseti ao seu piloto, mandaram o carro de McCarthy com pneus de pista molhada, numa pista que já estava secando.
Na Alemanha, o mesmo McCarthy foi impedido de participar dos treinos, pois perdeu a pesagem, já que ele estava jogando video-game.
E o Grande final foi em Spa-Francorchamps, já que Andrea Sasseti, esse magnata da industria de calçados italiano, foi preso por fraude fiscal. E Assim, a FISA decidiu banir a equipe da F1, por má reputação ao esporte.
E Essa foi a história da Andrea Moda Formula.
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